Laboratório de Políticas Culturais | Entre Lusofonia e Francofonia: A Cultura em Ação (2025)
(Call for papers) Laboratório de Políticas Culturais: Entre Lusofonia e Francofonia: A Cultura em Ação
No próximo dia 11 de abril de 2025, o Observatório Político apresenta o Laboratório de Políticas Culturais: Entre Lusofonia e Francofonia: A Cultura em Ação. Esta é uma iniciativa do Observatório Político em parceria com a Universidade de Otava, contando também com o apoio do Instituto Diplomático (Ministério dos Negócios Estrangeiros).
Data: Sexta-feira, 11 de Abril de 2025
Local: Instituto Diplomático, Ministério dos Negócios Estrangeiros – Biblioteca da Rainha, Lisboa – Portugal
Nota conceptual:
O Laboratório de Políticas Culturais Entre Lusofonia e Francofonia: A Cultura em Ação apresenta-se como um espaço de reflexão e análise das interações culturais e políticas entre os países que compartilham as línguas portuguesa e francesa. Estes dois universos linguísticos e culturais representam, por si só, redes complexas e dinâmicas que atravessam continentes, ligando histórias europeias e coloniais, experiências de resistência cultural, e políticas de identidade e desenvolvimento.
Historicamente, tanto a lusofonia como a francofonia são heranças de impérios coloniais que moldaram territórios, populações e culturas. No entanto, com a descolonização, esses espaços linguísticos transformaram-se em plataformas de afirmação cultural e política. As políticas culturais adoptadas por países lusófonos e francófonos refletem tanto a busca pela preservação de tradições locais como o desejo de inserção nos mercados culturais globais. Estas realidades coexistem com a tentativa de manutenção de um status quo de cultura política. Neste contexto, importa refletir sobre os espaços da lusofonia e da francofonia enquanto construções políticas que inequivocamente condicionam o presente e o futuro.
No âmbito governamental, é possível observar como as políticas de promoção da língua e da cultura têm sido utilizadas como instrumentos de diplomacia cultural. A França, por exemplo, com o apoio da Organização Internacional da Francofonia (OIF), implementa programas de apoio à difusão do francês e à produção cultural em países africanos, canadianos e do Caribe. Por sua vez, o Canadá enfrenta desafios à manutenção de realidades francófonas em contextos minoritários, procurando estabelecer pontes para a construção conjunta da francofonia de hoje e de amanhã. Portugal, amplificado pelo Brasil, e através da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), incentiva a cooperação cultural entre países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), e também entre países asiáticos e sul-americanos.
Porém, além das políticas governamentais, as dinâmicas do mercado e da indústria cultural têm um papel central na construção dessas redes. A música, o cinema, a literatura e outras expressões artísticas circulam nesses espaços, criando novas identidades híbridas. O cinema africano francófono, por exemplo, é um campo vibrante que dialoga tanto com o legado colonial, assim como com questões contemporâneas relacionadas com as identidades e os processos de globalização. De forma similar, a música do espaço lusófono, como o fado português, o samba brasileiro e a morna cabo-verdiana, atravessa fronteiras, criando estabelecendo e atualizando relações culturais e emocionais mas também políticas.
Outro aspecto importante a salientar resulta do papel das iniciativas periféricas e/ou autónomas que surgem fora dos circuitos estatais ou comerciais tradicionais e mainstream. Movimentos culturais locais, festivais independentes, editoras alternativas e redes artísticas colaborativas são exemplos de como as culturas lusófonas e francófonas se reinventam constantemente. Estas iniciativas muitas vezes desafiam as narrativas oficiais e criam espaços para vozes marginalizadas, promovendo uma diversidade cultural que vai além dos limites nacionais e linguísticos.
O cruzamento entre lusofonia e francofonia pode também ser explorado em contextos onde estas esferas culturais se encontram diretamente, como é o caso de países africanos que compartilham essas duas heranças linguísticas, como a Guiné-Bissau e o Senegal. Nestes contextos, a interação entre as línguas e as culturas gera tanto tensões como oportunidades de criação cultural inovadora.
O Laboratório de Políticas Culturais Entre Lusofonia e Francofonia: A Cultura em Ação procura analisar e compreender as múltiplas camadas de interação entre os mundos lusófono e francófono, através de políticas governamentais, das dinâmicas de mercado ou de iniciativas periféricas. O estudo dessas relações poderá oferecer perspectivas diversas acerca das relações que se estabelecem a partir da lusofonia e da francofonia, num mundo pós-colonial e pós-global, em profunda mutação, promovendo a diversidade e o diálogo intercultural.
Aceitação de propostas:
As propostas de comunicação deverão ser apresentadas em português, francês ou inglês, até 300 palavras (aproximadamente), e enviadas para Carlos Vargas em formato (PDF): carlos.vargas@fcsh.unl.pt até dia 11 de março de 2025. As línguas de trabalho serão o francês e/ou o inglês. As despesas da participação são da responsabilidade de cada interveniente.
Publicação:
A comissão científica prevê a edição e publicação de um livro. Será, entretanto, lançada uma chamada para artigos em inglês. Os autores deverão submeter o seu texto com 7000 palavras (aproximadamente) incluindo bibliografia na norma APA (7ª edição) até 30 de maio de 2025. Os textos finais (em português ou francês) podem ser enviados por email para Carlos Vargas: carlos.vargas@fcsh.unl.pt
Organização: Observatório Político em parceria com a Universidade de Otava
Comité Científico: Cristina Montalvão Sarmento, Carlos Vargas, Patrícia Oliveira
O Laboratório de Políticas Culturais é organizado pelo Observatório Político (Lisboa, Portugal) com o apoio da Chaire de recherche en francophonie internationale sur les politiques du patrimoine culturel e do Collège des chaires de recherche sur le monde francophone da Universidade de Otava (Otava, Canadá).

